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Buquê de Flores

pelo fumê do carro
minha filha brincando no jardim
buquê de flores no banco de trás
janela da alma.
judicialmente tenho todo o direito de vê-­la (hoje)
mas as mãos continuam presas ao volante
e as portas trancadas.
(portas da alma)
minha filha brincando no jardim
e eu poderia destravar o carro
pegar as floresir até lá
e levantar minha garotinha o mais alto que eu puder.
“uma flor para outra flor”
papai, você é sempre tão besta.
judicialmente tenho todo o direito de vê­-la (hoje)
mas as mãos presas ao volante
punhos travados tremendocobertos de faixas vermelhas e brancas
roxo debaixo da barba
e um olho mais fechado do que aberto
uma perna mais arrastada do que a outra.
o que eu diria.
“filha, o seu pai é um boneco quebrado,
e as partes não mais se encaixam direito,
o mais cedo o levam pro conserto,
mais cedo ele estará bem”
nunca mais eu faço isso,eu disse,
e agora as mãos presas no volante,
punhos travados tremendo.
eu dou a partida.
um dia minha filha há de entender
que um boneco feito para destruir outros bonecos
é um boneco sem conserto.
(desculpa, filha)