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Carta ao Pai

  • 27 de Agosto, 2020

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Explorar a potência da palavra é também investigar a ausência dela.

"Carta ao Pai" faz referência à todas as cartas, textos e obras censuradas e vozes caladas em ditaduras, em especial a do Brasil em 64.

Dedicada a todos aqueles que não puderam se comunicar com seus entes queridos por serem impedidos por uma figura de autoridade.

Consiste em um envelope com um sinal de "VETADO" (desenhado para referenciar o carimbo utilizado no golpe de 1964, que VETAVA a livre circulação de documentos, obras, cartas, poesias, músicas, livros, filmes, entre muitos outros).

Muitos presos políticos (principalmente desaparecidos) não tiveram a possibilidade de escrever ou receber cartas de entes queridos, amigos ou de ninguém. Essas vozes ficaram caladas numa névoa de escuridão. A liberdade de expressão e de comunicação é um dos pilares da democracia e representa a própria vida; estar vivo é comunicar-se, com o mundo e com os outros.

No tempo em que vivemos, estamos acostumados a poder nos comunicar do jeito que quisermos, com quem desejarmos. Não podemos esquecer que houveram tempos (e ainda existem presos políticos hoje em dia) em que era necessário ter cuidado com o que se fala. As paredes tem ouvidos. Falar demais poderia fazer sumir.

Dentro do envelope, uma carta cujas linhas foram completamente riscada por traços horizontais que impedem a leitura. Uma referência aos CLASSIFIED DOCUMENTS americanos, que popularizaram esse estilo de censura e ensinaram aos nossos generais em 64.

Quantos CLASSIFIEDS DOCUMENTS ainda existem que nunca serão DECLASSIFIED? Quantos documentos VETADOS nunca chegaram aos seus destinos? Quantas vozes são caladas por dia, quantos documentos são apagados, quantos "arquivos" são "queimados" por dia no Brasil?

Obra criada para a disciplina de Literatura e Audiovisual da UFC, em 2019.

A proposta era a de escrever uma carta.

Publicado por Levi S. Porto, em 27/08, para seu blog farofinhas.site