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Laiá Laiá

Me diz do que são feitas as estrelas
(De índias apaixonadas pelo luar)
À noite, a Lua desce brilhante do céu
Caminha entre as flores, mergulha no rio
Dança entre os homens, enrolada de véu
Rodopia e desbota, apareceu e sumiu
Mas, meu amor, não vá se apaixonar pela Lua
A Lua é parceira infiel
Assim que pra ti ela se insinua
Está selado teu destino cruel.
O céu hoje está tão brilhante...
Mas, meu amor, eu não me apaixonei pela Lua
E se penso em seu sorriso é breve devaneio,
Se me imagino em seus braços é simples aperreio,
Se sonho com seu beijo eu logo me freio,
A Lua, meu amor, eu odeio.
À noite, a Lua desce faceira do céu
E escolhe uma índia para dançar
Até o despontar da manhã.
Na alvorada, intoxicada e apaixonada
A moça acorda no seu novo lar.
“Os amantes da Lua se tornarão estrelas no céu...”
Mas, meu amor, eu me apaixonei pela Lua.
E agora espero noites e noites pelo seu porvir.
Sofro por não estar junto à ti.
Me dói não poder dançar contigo,
Você é o meu melhor sorrir.
À noite eu te procuro por aí.
E se por acaso te encontro sob o luar
Arrumo qualquer desculpa pra vir te admirar.
Um dia tu vais me escolher pra dançar.
(Eu espero tanto por esse dia...)
Vem me procurar também.
Vem dançar comigo.
Dança à sós é um castigo.
Me torna estrela no seu céu.
Que eu te prometo as noites mais cintilantes.
À noite a Lua desceu maravilhosa do céu
E caminhou entre as as flores, e mergulhou no rio...
“assim que pra ti ela se insinua”
Mas eu não posso evitar.
Meu amor é a lua.
Me jogo nas águas, e sorrio.
(Nunca disseram pra você
Que as estrelas são feitas de índias apaixonadas pelo luar?)
Essas vivem no céu, é sabedoria popular.
Mas as que foram seduzidas, rejeitadas, afogadas
Dessas ninguém ouve falar.
“está selado teu destino cruel”
Nas profundezas do rio, bem longe do céu.
À noite a Lua se comove.
E me transforma na estrela mais brilhante
Mais faceira, mais maravilhosa que há.
Sou agora
Estrela das Águas,
Vitória-­régia.
E todas as noites danço com o luar.
Laiá, Laiá.