Sax Espacial
Uma nave espacial, balançando de um lado para o outro como se estivesse prestes a se desmontar, cruza o espaço. Ela pára ao chegar em um planeta desértico, pousando com um estrondo. Da pequena nave saem dois pequenos alienígenas, igualmente pequenos. É um milagre que couberam, porque são quase do mesmo tamanho da espaçonave. O planeta é desolado, e venta bastante. Eles caminham alguns metros na areia batida até o que parece ser um pequeno posto de gasolina espacial, com algumas bombas e uma casinha.
Os aliens puxam um anel minúsculo, que se desdobrando vira um baldinho. Eles puxam algumas moedinhas do bolso e inserem na bomba, que enche o baldinho de combustível. Caminham até a nave e enchem o tanque. Eles entram na nave, que com um estouro começa a planar; mas de repente enguiça e é derrubada no chão. Os dois saem da nave, confusos. Um deles faz carinho na nave, e ela não responde. O outro sacode a nave, mas ainda sem resposta. Ambos sobem no capô da máquina e pulam várias vezes em cima dela. Sem resposta.
Eles então amarram uma cordinha na nave e fazem um nó em suas cinturas. Vão caminhando arrastando a nave até o posto de gasolina espacial, e batem na porta. Ninguém responde. Eles desamarram as cordinhas e perguntam por alguém que possa estar na casa. Alguém responde que eles podem entrar. Abrindo a porta com cuidado, os dois aliens se deparam com uma loja de conveniência espacial, com vários itens a venda. Um atendente alien está sentado olhando uma pequena telinha flutuante, como uma TV, e não dá muita atenção aos que entram.
Um dos aliens começa a procurar nas estantes em busca de um item que possa consertar a nave, mas o outro fica curioso com a telinha do atendente. Ele se aproxima aos poucos para ver o que está acontecendo. O atendente está muito atento. Na telinha, um pequeno alien dá estrelinhas de um lado pro outro de maneira bem energética. Ele dá estrelinhas na neve, na praia, no deserto, e no espaço sideral. Um dos aliens chama o outro para observar, e as três figuras observam com curiosidade as estrelinhas.
Logo, os aliens estão do lado de fora do posto. O atendente está na frente deles, observando os dois por um quadradinho, como se fosse uma filmadora, em pé um do lado do outro. O atendente dá um joinha, indicando que podem começar, e os dois começam a dar estrelinhas. Essas estrelinhas não são tão magestosas quanto a que viram antes, e percebendo isso, eles começam a dar piruetas e mortais pra trás.
Depois, eles se sentam para observar no quadradinho como se saíram. Achando muito massa, começam a fazer mais piruetas. Entardece, e eles começam a variar o conteúdo na frente do quadradinho. O atendente toca um saxofone; um alien fala sobre política, o outro ensina a cozinhar bolo de laranja. Eles brincam de pega-pega, representam uma peça de teatro, e se dão um beijo na bochecha (o alien fica vermelho). Mais tarde, eles põe chapéu de vaqueiro e fingem que são cowboys do espaço.
De noite, eles montam uma fogueira e observam as estrelas enquanto comem biscoito. Uma nave cruza os céus, e os alien se lembram da própria nave defeituosa. Eles entam ligam o quadrado novamente, o posicionam na frente da nave quebrada, e apontam para ela explicando a situação.
Um momentinho depois, uma frota de dezenas de naves chega ao planeta desértico. De lá saem muito etzinhos bastante diferentes entre si, fazendo festa para os três; eles abraçam e apertam as mãos da trupe, confessando que são fãs. Alguns dos chegados consertam a nave, deixando novinha em folha; colocam combustível e tudo mais. Os dois aliens se despedem do atendente, e partem para o espaço sideral junto com a nova comitiva de amigos.
Numa cartela em preto e branco, como aquelas dos filmes em 1920, se lê: “assim portanto nasce o cinema”.